sábado, 14 de março de 2009

O Discreto Charme da Burguesia (Le charme discret de la bourgeoisie, 1972)






"Em mais uma de suas travessuras surrealistas extremamante críticas, o espanhol Luis Buñuel conta a história de seis burgueses que se reúnem para um jantar, mas que, devido a estranhos acontecimentos, são impedidos."



Divertido filme do mais que famoso diretor Luis Buñuel, onde tece uma ácida e engraçada crítica aos valores da classe que desde a revolução francesa anda botando sem cuspe no cuzinho de nós proletariados. Atacando seus principais pilares: corrupção, drogas, Igreja, Exército. O interessante desfile de sutis aberrações inclui um arcebispo que se oferece para trabalhar como jardineiro sindicalizado (e vinga-se a tiros do assassino de seus pais); um país sul-americano onde a taxa de homicídios é de 1 para 1 (30 mortos por dia); uma terrorista que persegue o embaixador com cachorrinhos de pelúcia e está nos sonhos de todos os militares; e mais fantasmas, temores, traumas, venenos, adultérios, e o que mais houver nas cabeças brilhantes dos roteiristas. Os sonhos são um detalhe à parte: um jantar num palco onde um dos personagens não sabe a própria fala, um embaixador criticado por todos os lados que reage matando o coronel anfitrião, uma mãe de tenente morta saindo de dentro do armário. E os barulhos. A fim de evitar as explicações estapafúrdias dos burgueses (como no instante de liberá-los da cadeia), suas vozes são abafadas por barulhos de rua, ruídos de máquina de escrever ou algo semelhante. De ousadias assim o cinema atual tem sentido muita, muita falta.



IMDB

Um comentário:

  1. Buñuel foi um gênio , esse filme é simplesmente perfeito ...

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